quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Resposta ao desafio:)


Olá a todos :)


Prometido é devido e antes que o ano acabe, aqui estão os meus desenhitos, na praia, no café, e em reuniões. É a primeira vez que coloco algo num blog, vamos lá ver como isto corre:)

Bjs e um excelente 2011 !!!!!

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Escher em Évora

Adorei esta exposição do Escher, está a decorrer em Évora até 31Jan.
Que me lembre, nunca tinha tido oportunidade de ver desenhos do Escher ao vivo!

Ah, e se ficarem por Évora para almoçar, aproveitem para ir comer uma feijoada ao restaurante Os Manueis, perto da praça do Giraldo (Rua Raimundo).
A melhor feijoada que comi até hoje ;)

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Desafio

Todos nós desenhamos despreocupadamente quando estamos ao telefone, em reuniões, no café enquanto esperamos por alguém.. etc. O meu desafio é que coloquemos aqui fotografias ou scans desses desenhos que se perdem nos nossos blocos de notas e nunca vêm a luz do dia.
Os meus são estes:


Fico à espera dos vossos :)

terça-feira, 26 de outubro de 2010

EXPOSIÇÃO JOAQUIM MARQUES

Oi pessoal
Segue o convite da exposição do Joaquim.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

o que me rodeia

Encaixotado
Albergue D. Maria II
Roupa de Senhora
Jogos de cama
Banana Pão
De molho
Todos os Santos
Going up?
Escape

sexta-feira, 2 de julho de 2010

AS COISAS QUE NOS RODEIAM

Obrigada, Letícia por ter aberto o blog com o texto do Rilke :)

Então, eu continuo com um texto do livro do Matisse Escritos e Reflexões sobre Arte:

«Estes voos sucessivos de pombas, os seus contornos, as suas curvas deslizam em mim como num grande espaço interior. Não pode imaginar até que ponto, nesse período de papéis recortados, a sensação do voo que se desprende em mim que ajuda a melhor ajustar a mão quando ela conduz o trajecto da minha tesoura. É bastante difícil de explicar. Direi que é uma espécie de equivalência linear, gráfica, da sensação do voo. Há também o problema do espaço vibrante. Dar vida a um traço, a uma linha, fazer existir uma forma, não é problema que se resolva nas academias convencionais, mas fora delas, na natureza, pela observação penetrante das coisas que nos rodeiam. Um ínfimo pormenor pode revelar-nos um grande mecanismo, um mecanismo essencial de vida. À partida, aprendizes-pintores podem ter o dom da vida das coisas. A maior parte das crianças que pintam têm-no... Traçam uma figura, aplicam uma cor, estabelecem uma relação e a imagem assim fixada existe, respira, participa, não é uma coisa morta, uma coisa que se assemelharia, por exemplo, a um velho pedaço de cotão caído de um velho bocado de vida morta... (...)»

Henri Matisse in Escritos e Reflexões sobre Arte, Lisboa, Ulisseia, 1972, pp. 247 e 248


Henri Cartier-Bresson, Henri Matisse, 1944

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Como este blog também vai servir para nos desafiar, proponho que observemos as coisas que nos rodeiam, como o Matisse diz e, depois, passar essa observação para o nosso blog (em pintura, desenho, fotografia, vídeo, etc.)
:O) 

segunda-feira, 28 de junho de 2010

CARTAS A UM JOVEM POETA

Oi pessoal.

Finalmente consegui um tempinho pra "abrir nosso blog". Fiquei na dúvida sobre o qual deveria ser o primeiro post. Então lembrei de um texto de um livro que eu adoro "Cartas a um Jovem Poeta" de Rainer Maria Rilke que já serviu de inspiração para diversas gerações de artistas e aspirantes à artista de todas as áreas. O texto a seguir é a primeira carta, a minha preferida. Espero que gostem. E espero todos vcs na nossa confraternização na próxima 4ª feira às 20h no Fábulas.

Beijos
Leticia


Cartas a um jovem poeta (Primeira carta)
Rainer Maria Rilke

Paris, 17 de fevereiro de 1903
Prezadíssimo Senhor,

Sua carta alcançou-me apenas há poucos dias. Quero agradecer-lhe a grande e amável confiança. Pouco mais posso fazer. Não posso entrar em considerações acerca da feição de seus versos, pois sou alheio a toda e qualquer intenção crítica. Não há nada menos apropriado para tocar numa obra de arte do que palavras de crítica, que sempre resultam em mal-entendidos mais ou menos felizes. As coisas estão longe de ser todas tão tangíveis e dizívies quanto se nos pretenderia fazer crer; a maior parte dos acontecimentos é inexprimível e ocorre num espaço em que nenhuma palavra nunca pisou. Menos suscetíveis de expressão do que qualquer outra coisa são as obras de arte, — seres misteriosos cuja vida perdura, ao lado da nossa, efêmera.

Depois de feito este reparo, dir-lhe-ei ainda que seus versos não possuem feição própria, somente acenos discretos e velados de personalidade. É o que sinto com a maior clareza no último poema Minha alma. Aí, algo de peculiar procura expressão e forma. No belo poema A Leopardi talvez uma espécie de parentesco com esse grande solitário esteja apontando. No entanto, as poesias nada têm ainda de próprio e de independente, nem mesmo a última, nem mesmo a dirigida a Leopardi. Sua amável carta que as acompanha não deixou de me explicar certa insuficiência que senti ao ler seus versos sem que a pudesse definir explicitamente. Pergunta se os seus versos são bons. Pergunta-o a mim, depois de o ter perguntado a outras pessoas. Manda-os a periódicos, compara-os com outras poesias e inquieta-se quando suas tentativas são recusadas por um ou outro redator. Pois bem — usando da licença que me deu de aconselhá-lo — peço-lhe que deixe tudo isso. O senhor está olhando para fora, e é justamente o que menos deveria fazer neste momento. Ninguém o pode aconselhar ou ajudar, — ninguém. Não há senão um caminho. Procure entrar em si mesmo. Investigue o motivo que o manda escrever; examine se estende suas raízes pelos recantos mais profundos de sua alma; confesse a si mesmo: morreria, se lhe fosse vedado escrever? Isto acima de tudo: pergunte a si mesmo na hora mais tranqüila de sua noite: "Sou mesmo forçado a escrever?” Escave dentro de si uma resposta profunda. Se for afirmativa, se puder contestar àquela pergunta severa por um forte e simples "sou", então construa a sua vida de acordo com esta necessidade. Sua vida, até em sua hora mais indiferente e anódina, deverá tornar-se o sinal e o testemunho de tal pressão. Aproxime-se então da natureza. Depois procure, como se fosse o primeiro homem, dizer o que vê, vive, ama e perde. Não escreva poesias de amor. Evite de início as formas usais e demasiado comuns: são essas as mais difíceis, pois precisa-se de uma força grande e amadurecida para se produzir algo de pessoal num domínio em que sobram tradições boas, algumas brilhantes. Eis por que deve fugir dos motivos gerais para aqueles que a sua própria existência cotidiana lhe oferece; relate suas mágoas e seus desejos, seus pensamentos passageiros, sua fé em qualquer beleza — relate tudo isto com íntima e humilde sinceridade. Utilize, para se exprimir, as coisas do seu ambiente, as imagens dos seus sonhos e os objetos de sua lembrança. Se a própria existência cotidiana lhe parecer pobre, não a acuse. Acuse a si mesmo, diga consigo que não é bastante poeta para extrair as suas riquezas. Para o criador, com efeito, não há pobreza nem lugar mesquinho e indiferente. Mesmo que se encontrasse numa prisão, cujas paredes impedissem todos os ruídos do mundo de chegar aos seus ouvidos, não lhe ficaria sempre sua infância, esta esplêndida e régia riqueza, esse tesouro de recordações? Volte a atenção para ela. Procure soerguer as sensações submersas deste longínquo passado: sua personalidade há de reforçar-se, sua solidão há de alargar-se e transformar-se numa habitação entre o lusco e fusco diante do qual o ruído dos outros passa longe, sem nela penetrar. Se depois desta volta para dentro, deste ensimesmar-se, brotarem versos, não mais pensará em perguntar seja a quem for se são bons. Nem tão pouco tentará interessar as revistas por esses seus trabalhos, pois há de ver neles sua querida propriedade natural, um pedaço e uma voz de sua vida. Uma obra de arte é boa quando nasceu por necessidade. Neste caráter de origem está o seu critério, — o único existente. Também, meu prezado Senhor, não lhe posso dar outro conselho fora deste: entrar em si e examinar as profundidades de onde jorra sua vida; na fonte desta é que encontrará resposta à questão de saber se deve criar. Aceite-a tal como se lhe apresentar à primeira vista sem procurar interpretá-la. Talvez venha significar que o Senhor é chamado a ser um artista. Nesse caso aceite o destino e carregue-o com seu peso e a sua grandeza, sem nunca se preocupar com recompensa que possa vir de fora. O criador, com efeito, deve ser um mundo para si mesmo e encontrar tudo em si e nessa natureza a que se aliou.

Mas talvez se dê o caso de, após essa decida em si mesmo e em seu âmago solitário, ter o Senhor de renunciar a se tornar poeta. (Basta como já disse, sentir que se poderia viver sem escrever para não mais se ter o direito de fazê-lo). Mesmo assim, o exame de sua consciência que lhe peço não terá sido inútil. Sua vida, a partir desse momento, há de encontrar caminhos próprios. Que sejam bons, ricos e largos é o que lhe desejo, muito mais do que lhe posso exprimir.

Que mais lhe devo dizer? Parece-me que tudo foi acentuado segundo convinha. Afinal de contas, queria apenas sugerir-lhe que se deixasse chegar com discrição e gravidade ao termo de sua evolução. Nada a poderia perturbar mais do que olhar para fora e aguardar de fora respostas a perguntas a que talvez somente seu sentimento mais íntimo possa responder na hora mais silenciosa.

Foi com alegria que encontrei em sua carta o nome do professor Horacek; guardo por este amável sábio uma grande estima e uma gratidão que desafia os anos. Fale-lhe, por favor, neste meu sentimento. É bondade dele lembrar-se ainda de mim; e eu sei apreciá-la.

Restituo-lhe ao mesmo tempo os versos que me veio confiar amigavelmente. Agradeço-lhe mais uma vez a grandeza e a cordialidade de sua confiança. Procurei por meio desta resposta sincera, feita o melhor que pude, tornar-me um pouco mais digno dela do que realmente sou, em minha qualidade de estranho.

Com todo o devotamento e toda a simpatia,